05 março 2006


** SOULZÉ **


Originou-se em Fortaleza, Ceará, em 1997. A banda utiliza ritmos brasileiros, como o baião, o côco, o sambafunk e o maracatu, tendo o swing como forte característica de sua música. Passeia também pelo jungle, drum’n bass e dub. A banda tem uma pegada forte e pesada, gerada pela riqueza percussiva de seu som. O tempero das flautas remete o ouvinte a um forte sentimento de brasilidade.
O SoulZé investe há seis anos num repertório próprio, de letras fortes, cuja temática é social, permeadas de questionamentos sobre a realidade
.


ENTREVISTA
Muringa ( na foto ao lado)

MP3: Quando e como a banda foi formada?
MURINGA: Formamos o Soulzé meio que por acidente. Eu e o Simon (antigo guitarrista) íamos à praia todos os finais de semana, tomar uma cerveja, ver as maravilhas da natureza, enfim... Ele tinha um primo, o Felipe, que morava muito próximo à Praia do Futuro e aí, pós-praia, pós-cervas, íamos pra casa do Felipe, que era baterista. Aí se deu o trio embrionário do Soulzé, que, até aí, era só brincadeira.
Quando entrou o Magno (primeiro vocalista), vimos as primeiras composições e nos animamos, pois sabíamos que havia química ali, bicho. O interessante é que no inicio do Soulzé, essa relação com a cultura popular, manifestações nordestinas etc, ainda era tênue. Com o advento do Manguebeat, identificamos que a sonoridade que procurávamos estava ao nosso redor. Era o nosso mundo do nordeste mesmo. Isso era 1997. E, com certeza, o grande insight do movimento encabeçado por Science foi o de mostrar o Brasil aos Brasileiros.

MP3: Por que “Soulzé”?
MURINGA: A banda mudou muito e ficou sem nome até 1998. Procuramos muito por um nome que estivesse relacionado com o que estávamos fazendo naquela época. Era bem nítida a influência do nordeste, não só na nossa música, mas também na atitude e na nossa maneira de vestir e pensar. Daí, novamente num domingo de praia, irrigando o miolo com uma cerva, veio a idéia: Soulzé. O ser Zé (que é a identidade nordestina), somado ao trocadilho Soul, mãe dos ritmos negros. Perfeito.

MP3: Por que vocês decidiram se mudar do Ceará para São Paulo e como foi essa mudança para a banda?
MURINGA: Até aí tem muito chão. Foram 6 anos no Ceará. Fizemos todo o circuito, inventamos circuitos e criamos novas oportunidades por lá. Encabeçamos o Movimento Cabaçal, que, com certeza, foi a coisa mais significativa para a cultura musical alternativa do estado, depois daquele Pessoal do Ceará (final da década de 70 e início de 80): Fagner, Belchior, Ednardo...
Congregamos bandas e fizemos eventos com bandas locais para 10.000 pessoas. Todo mundo ficava perguntando "quando vai ser o próximo Movimento Cabaçal??!!" (o evento). Isso era muito positivo, especialmente pra mim, que fui um dos pioneiros do movimento, fundamentava-o e planejava os eventos... Enfim, trilhamos um caminho bonito, em prol da cena do estado.
Em julho de 2003, recebemos uma ligação. O pessoal havia adorado o material que havíamos enviado para o (SESC) Pompéia e fomos convidados a participar de um evento chamado Prata da Casa SESC Pompéia. Aí, vem mais um capitulo interessante da nossa história.
Essa viagem pra São Paulo foi simplesmente uma loucura, bicho! A viagem foi completamente independente. Singramos 16.000 km de Brasil, numa van com 11 machos. Fizemos 13 shows: Brasília, Cuiabá, Campinas, Americana, São Paulo... Viiiiixe... Foi bem legal. E foi nessa trip, com o reconhecimento do público, que pegamos ar pra vir pra cá.
Voltamos dessa primeira tournée na segunda quinzena de novembro de 2003. Em dezembro, o pessoal do (SESC) Pompéia ligou novamente, dizendo: "hey, cara, sabe aquele show que vocês fizeram aqui? Pois é, foi eleito um dos 10 melhores do ano! Vocês estão na mostra do Pompéia".
Aí, eu pensei: “caramba, e agora? Como faremos pra ir!?”. Porque, se você pensar bem, tirar uma galera do Ceará, com transporte, equipamentos e o caralho é foda! Fiquei eboluindo... Como ia fazer pra ir novamente? Então, a solução foi vir pra ficar de vez, pois era uma ótima oportunidade e casava também com o ideal de todo mundo. Os 7 integrantes do Soulzé queriam muito essa vida (de quebra, ainda arrastamos o nosso roadie conosco).
Tinha também outra questão. Quando viemos em 2003, algumas entidades patrocinaram a gente. Conseguir um segundo patrocínio era viável, mas um terceiro seria impossível, por isso não quis optar pela terceira chance e preferi pegar a segunda. Então, da segunda vez, a gente veio pra ficar.

MP3: Você é um grande estudioso da música nordestina e, inclusive, o próximo disco do Soulzé será uma homenagem aos 60 anos de existência do baião. Fale um pouco sobre isso.
MURINGA: Tenho uma grande admiração pela música feita no Nordeste, em todas as épocas. O baião é só uma delas, mas, com certeza, é o protagonista dessa história, visto que foi com este gênero que a musica nordestina se popularizou pelo Brasil e se tornou celeiro de produção mundial nos dias de hoje.
Venho lendo e estudando há 9 anos, tudo informalmente. Resolvi organizar o que venho aprendendo e concluindo, e juntamente com o Xavier, Marcos e Vital, formamos uma oficina (OFICINA DE PERCUSSÃO E HISTÓRIA DA MÚSICA NORDESTINA), onde eles ministram a seção de Percussão Nordestina e eu procuro contar um pouco da evolução dessa música. É um grande trabalho de apresentação do nosso próprio país às pessoas. Muita gente não sabe o potencial cultural do nosso Brasil.
Adoro fazer com que as turmas em que palestro fiquem entusiasmadas em descortinar esse imenso e grandioso universo, caleidoscópio colorido que é a musica do Nordeste, assim como a música brasileira em geral. O estudo também serve como fonte inspiradora, pois amamos escutar Luiz Gonzaga, Quinteto Violado (!!!), Quinteto Armorial e os novos sons do Nordeste.
A idéia do disco em homenagem ao baião surgiu de um projeto paralelo ao Soulzé, chamado Luiz Elétrico, que tocamos há três anos. É um projeto massa! Fazemos versões do Luizão, Quinteto Violado, Gil, João do Vale... Tudo na nossa pegada, lógico. Guitarras borduadas, o superswing do baixo, uma flauta verde-amarela....só vendo! Com a evolução desse projeto, decidimos gravar os 60 anos de Baião.

MP3: Quando o CD será lançado e quais as principais diferenças para o Lab SZ, que estamos disponibilizando para download gratuito?
MURINGA: Ainda não sabemos quando o disco será lançado, mas deve ser no final do segundo semestre do ano. A diferença fundamental é que serão versões, enquanto o Lab SZ só tem composições nossas. Também estamos trabalhando, há um ano, em músicas novas pro Soulzé. Queremos lançar um CD autoral em 2007.
MP3: O Soulzé deve fazer um tour pela Espanha este ano, né? MURINGA: Talvez em maio. Estamos esperando o cartão verde do nosso agente na Espanha para planejarmos o resto da trip. Devemos tocar em várias salas culturais de outros países, como Alemanha, Portugal e França. Queremos levar conosco, além do show, as oficinas brasileiras.
O Gil (nosso flautista) também ministra uma Oficina de Pífanos e o Demétrius ensina o Contra-baixo brasileiro. Ensejamos que nossa missão tenha realmente um caráter cultural representativo do nosso povo. Vamos colocar os gringos pra tocar o Brasil – literalmente (risos).
MP3: E o clipe?
MURINGA: O clipe de “Cabelo”, feito pelo Bijari Studio (SP), foi selecionado para o RECFEST, uma mostra mundial de clipes, no final de 2005. Ele (o clipe) está circulando pelo Brasil. Investimos nas redes televisivas independentes, pois assim não precisamos pagar jabá pra mostrar nossa arte. E esse segmento já encontra público fiel. “Cabelo” também foi televisionado pela MTV algumas vezes, mas lá o game é diferente, né?

MP3: Indique 4 bandas/artistas independentes (ou que não façam parte do mainstream) que você goste.
MURINGA: Eddie (PE), Bonsucesso Samba Clube (PE), Wado (AL) e Dr. Raiz (Ceará).

MP3: Existe alguma história curiosa ou fato engraçado ocorrido durante viagens, shows, ensaios ou gravações da banda?
MURINGA: (gargalhadas) Muitos, cara, muitos!!! De estrada, tem um ótimo: quando viemos em 2003, tocamos em uma festa da fantasia em Americana,...Conhecemos o Técnico de som do nosso palco, cuja alcunha era Bam Bam...O cara tinha tipo 1m90 e pesava uns 120 Kg, sério.
Não sei o que houve, mas ele ficou completamente afeiçoado pela gente e pelo som e no meio da conversa lançou um “ô, maaaano! Deixa eu ir embora com cês?! Não, na boa maaano! Faço o trampo na maior. Cês tão sem téNico mesmo. Leva eu ai, maaaano!”...e a gente não acreditava que o cara estava falando sério.
Bom, ai, fomos a última banda a tocar na festa, de forma que quando findamos o show, lá pelas 5 da matina, não é que me vem o cara com mochilinha pronta e tudo. “ô, maaaaano – tô de boa! Vamo nessa! Meus pano tão aqui! To instigadaço pra encarar essa trip!” E a gente ria, cara! In(felizmente) não deu mesmo pra levar o Bam Bam, mas aqui vai um abraço pra ele...

MP3: (risos) Nesses tempos de Big Brother, tem gente que faz de tudo pra mudar de vida e alcançar a fama...
MURINGA: Pois num élvis? (risos) Mas, com certeza, há uma grande atração e curiosidade das pessoas por esta vida que uma banda leva.

MP3: Onde foi o primeiro show da banda e como foi a recepção do público?
MURINGA: Cara, o primeiro não, mas o segundo show da gente foi no saudoso Skol Rock, em 1998. Era um festival competitivo e ficamos em terceiro lugar. O Surto foi quem levou, e os caras ainda não eram conhecidos... Faz tempo. Foi ducaralho, cara! Nosso segundo show e a gente já tocando pra 10.000 pessoas! A recepção do público foi boa. Até hoje eu lembro de uma banda muito boa que tocou lá, chamada Cuidado Com o Cão (PB).

MP3: E o 1º show, foi tão ruim que você quer esquecer? (risos)
MURINGA: Não, não, não... O primeiro show também foi cool! Foi lá no Peixe Frito, em Fortaleza (CE). Muito legal mesmo. É um galpão e atelier de um amigo nosso que deu uma força enorme, pois nos deixou ensaiar lá por dois anos. Quanto ao publico, tinha pouca gente. Lembro que a minha mãe foi e disse: "filho, que musica é essa?! pelo amor de deus!!!" (gargalhadas).

OUÇA AQUI !!!!

www.soulze.com.br

Confiram os shows , quem estiver ou for para São Paulo poderá conferir !!!!

*****************************************************************

***********************************************************

15 comentários:

Anônimo disse...

Olá, Shirley!

Obrigada pela constante presença lá no 7x7 e desculpe-me por demorar a aparecer por aqui.

Parabéns pelo seu/nosso dia! Mas que tenhamos consciência de que todo dia é dia da Mulher e que merecemos todo o respeito e carinho sempre.

Beijinhos,

Anônimo disse...

sim. vim aqui com a fome rente aos dentes. grande abraço

Anônimo disse...

Valeu pelo comentário no meu blog shirley!...Legal o seu!...ABRAÇOS

Anônimo disse...

Parabéns pelo blogue e pelas ótimas dicas cearenses. Um abraço.

Anônimo disse...

Shirley seja bem vinda ao meu canto e volte qdo quiser viu.
Adorei ver um blog que fala de muscia e da cultura de um determinado local.
Parabens viu.Bjo e feliz dia nosso rs.

Mello disse...

Olá, Shirley! Obrigado pela visitinha lá no meu blog! Lulla nem torturado. Serra é ruim de engolir também... Precisamos de algo novo, mas isso tá difícil de acontecer... Que situação...

Anônimo disse...

Bom Receber sua visita.
Apareça sempre que quiser!

benechaves disse...

Olá Shirley: mais um boa informação sobre as novidades de sua cidade. E isso é muito bom, pois vamos tendo conhecimento do que acontece em Fortaleza. Esta banda Soulzé passa a ser uma opção a mais para os cearenses.

Um beijo musical...

Anônimo disse...

Olá...
Obrigado por ter me encontrado lá no blogspot...
Ainda bem que mudou também... pois... o weblogger... n inguém merece...
Esteja à vontade para me visitar quando desejar... será bem recebida...
Beijos...

trela disse...

interessante aqui. não li nada mas passarei posteriormente com mais calma. vc é do ceará?

Anônimo disse...

Muito bom esse seu espaço, Shirley. Deu-me saudades do tempo em que estudei, dois anos, em Fortaleza, cidade, desde tempos atrás, bastante movimentada culturalmente. Lembro-me dos concertos na Reitoria da Universidade, do Teatro José de Alencar, onde assisti à peça "Lady Godiva". Ai, meu Deus, faz tanto tempo, quando as famílias, à noite, sentavam-se nas calçadas da Av. Dom Manuel.Grande abraço.

Anônimo disse...

Obrigada pela visita! Muito interessante o post! Bjks e bom final de semana! Tetê

Anônimo disse...

Oi, Lilica!
Olha, se eu já ouvi o som, não identifiquei ao nome da banda... Entrei no site, conforme o link que colocaste, mas não consegui achar onde poderia ouvir as músicas... Assim, deixo meu abraço.

benechaves disse...

Olá Shirley: novamente por aqui para convidá-la a uma espiada n'o apanhador. Tem um conto. Te espero!


Beijos contados...

Anônimo disse...

ah, vi seu comentario lá no caba e vim aqui dar uma conferida já que trabalho com isso. tô ligada no soul zé, já saquei o som dos caras, muito bom. beijos. até.