07 fevereiro 2006

Adeus a ALDEMIR MARTINS

O artista plástico Aldemir Martins nasceu em Ingazeiras, no Ceará, em 8 de novembro de 1922. A sua vasta obra, importantíssima para o panorama das artes plásticas no Brasil, pela qualidade técnica e por interpretar o “ser” brasileiro, carrega a marca da paisagem e do homem do nordeste.

O talento do artista se mostrou desde os tempos de colégio, em que foi escolhido como orientador artístico da classe. Aldemir Martins serviu ao exército de 1941 a 1945, sempre desenvolvendo sua obra nas horas livres. Chegou até mesmo à curiosa patente de Cabo Pintor. Nesse tempo, freqüentou e estimulou o meio artístico no Ceará, chegando a participar da criação do Grupo ARTYS e da SCAP – Sociedade Cearense de Artistas Plásticos, junto com outros pintores, como Mário Barata, Antonio Bandeira e João Siqueira.
Em 1945, mudou-se para o Rio de Janeiro e, em 1946, para São Paulo. De espírito inquieto, o gosto pela experiência de viajar e conhecer outras paragens é marca do pintor, apaixonado que é pelo interior do Brasil. Em 1960/61, Aldemir Martins morou em Roma, para logo retornar ao Brasil definitivamente.
O artista participou de diversas exposições, no país e no exterior, revelando produção artística intensa e fecunda. Sua técnica passeia por várias formas de expressão, compreendendo a pintura, gravura, desenho, cerâmica e escultura em diferentes suportes. Aldemir Martins não recusa a inovação e não limita sua obra, surpreendendo pela constante experimentação: o artista trabalhou com os mais diferentes tipos de superfície, de pequenas madeiras para caixas de charuto, papéis de carta, cartões, telas de linho, de juta e tecidos variados - algumas vezes sem preparação da base de tela - até fôrmas de pizza, sem contudo perder o forte registro que faz reconhecer a sua obra ao primeiro contato do olhar.
Seus traços fortes e tons vibrantes imprimem vitalidade e força tais à sua produção que a fazem inconfundível e, mais do que isso, significativa para um povo que se percebe em suas pinturas e desenhos, sempre de forma a reelaborar suas representações. Aldemir Martins pode ser definido como um artista brasileiro por excelência. A natureza e a gente do Brasil são seus temas mais presentes, pintados e compreendidos através da intuição e da memória afetiva. Nos desenhos de cangaceiros, nos seus peixes, galos, cavalos, nas paisagens, frutas e até na sua série de gatos, transparece uma brasilidade sem culpa que extrapola o eixo temático e alcança as cores, as luzes, os traços e telas de uma cultura. Por isso mesmo, Aldemir é sem dúvida um dos artistas mais conhecidos e mais próximos do seu povo, transitando entre o meio artístico e o leigo e quebrando barreiras que não podem mesmo limitar um artista que é a própria expressão de uma coletividade.


*Aldemir Martins morreu domingo, de parada cardíaca. Legou uma arte que pulsa à eternidade


Música do fim de semana....

Ultramen - Máquina Do Tempo

Tudo de bom - tudo de bem
É o que eu tenho pra você
Quero saber - quero o porquê
Você vai me dizer
Bom - podia me dizer
Bem - ôh deixa eu saber
Bom - podia me dizer
Bem
Vai me dizer da tua lembranca com toda esperanca
Teus sonhos de crianca - te lembra?
O tempo é mágico - máquina do tempo
A vida é curta e grossa - passa em um momento
O bem - presente no passado da humanidade
Futuro incerto repleto de novidade
Os mano no uso as mina no abuso todos confuso
Cabeca em parafuso cuidado o intruso SOS
Infelizmente indeferente - problema na mente
O universo em colapso astral - estrela decadente
Vítima da guerra - no morro e na favela
A vida aqui na selva transforma o coracão em pedra
O homem julga - joga - brinca de juiz
Condena - poda - é foda - corta a raiz
Em vez de regar - em vez de cultivar
Prefere ver a vida se acabar
O tempo passa
O tempo por aqui passou
Nada é de graca
Só que você não sacou
Recorda-te guerreiro
Povo brasileiro acostumado com a rotina do trabalho no
dia-a-dia
O ano inteiro
Motivos não lhe faltam sobra exemplo falta dinheiro sobra
simpatia
Mas se quer brincar comigo mano é pela regra da vida
Vai ter que suar - ter que dancar na batida
Mas não se aflija - o jogo comecou
E só há um resultado - ganhador e perdedor
Diga porque - diga porque
Diga porque da escravidão
Quero saber - quero saber
Quero saber - vem me dar a mão
Diga-me diga-me
Diga meu brother se valeu a pena
Siga-me siga-me
Sigam-me os bons é o esquema.

2 comentários:

Anônimo disse...

Acho esse cara genial. Devo visitar mais seu blog. Desculpe minha ausência, mas vc não perdeu com ela mais do que eu perdi. Beijos.

Anônimo disse...

Olá, Shirley! Perdas como esta são lastimáveis. Por que será que tenho a impressão que a gente perde muito mais do que sai ganhando? Na música, principalmente, não vejo que hoje tenha tão grandes revelações que substituam perdas como Renato Russo, Cássia Eller, etc.
Abraço.