15 outubro 2007

Indo para o Interior......


ICÓ

A palavra "Icó" advém da Língua Tapuia, onde "i" ("água") + "kó" ("roça"), tornando "água ou rio da roça". Este nome também deriva de uma das tribos que habitavam às margens do Rio Salgado, denominada "Ikó". Outra possibilidade para esta utilização vem de uma planta que poderia ter existido na região, o Icozeiro, uma planta da família das caparidáceas (Capparis yco), cujo fruto é o Icó.

HISTÓRIA
A colonização de Icó data do final do século XVII e início do século XVIII. Os primeiros colonizadores da cidade eram conhecidos como "os homens do (Rio) São Francisco", que faziam parte de uma das frentes de ocupação do território cearense, a do Sertão-de-dentro, dominada pelos baianos, que serviu para tentar ocupar todo o interior cearense.
Bartolomeu Nabo de Correia e mais 40 homens que faziam parte da entrada chegaram em 1683 e deram início à povoação conhecida como Arraial Novo dos Icós, a sua primeira fase. A cidade foi elevada a vila e em 1738,a terceira vila do Ceará logo após Aquiraz e Fortaleza. Em 1842 obteve a categoria de cidade.
Icó apresentou-se durante a época áurea um dos três centros comerciais e de serviços do estado, juntamente com Sobral e Aracati, possuindo uma localização estratégica na rota das boiadas e comércio da carne salgada, do centro-sul do estado, inclusive da Paraíba.

PATRIMÔNIO HISTÓRICO
Icó é destaque nacional, possuindo um sítio histórico de destaque oriundo das charqueadura que fizeram desta cidade entreposto entre a capital e o interior do Nordeste.
Teatro da Ribeira dos Icós: dentre o seu acervo arquitetônico de destaque possui o mais antigo teatro do estado do Ceará (Teatro da Ribeira dos Icós, datado de 1860, construído sessenta anos antes do afamado teatro José de Alencar pelo arquiteto Henrique Théberge, filho do médico e historiador que financiou esta obra neoclássica, Pedro Théberge, contendo dois pavimentos, onde o interior térreo compõe-se de três galerias, além de camarotes superiores no primeiro andar.
Casa de Câmara e Cadeia: além de contar com uma das mais seguras cadeias de sua época, hoje desativada, a Casa de Câmara e Cadeia, onde segundo contam que o então governador João de Tefé, propôs ao El-Rei que fosse cobrados impostos de meio tostão por cada cabeça de gado que fosse abatido para Bahia e Rio de Janeiro, para com esse impostos a Cadeia e Casa da Câmara em três vilas, inclusive a de Icó. Em 20 de abril de 1882, foi baixado um decreto criando a capela no interior da penitenciária, que guarda em seu interior a imagem de São Domingos (protetor dos presidiários). O prédio possui dois pavimentos, um com andar superior e outro o térreo, onde funciona a Cadeia Pública. A espessura é de um metro e meio. Os portões são verdadeiras fortalezas, possuem chave única de aproximadamente meio quilo. As celas possuem um dos mais perfeitos esquemas de segurança do estado. Atualmente está inativa e passará pelas últimas reformas de restauração.
Igreja de Nossa Senhora da Conceição: destaque para um dos componentes da formação do povoado e da disputa interna entre os Monte e os Feitosa; essa bela igreja histórica destaca-se pelos belos efeitos decorativos, donde se têm uma visão panorâmica da cidade pelo adro, cujo estilo quase com certeza é português pelo barroco das artes lusitanas; ao lado da igreja encontra-se o cemitério centenário.

O Teatro da Ribeira dos Icós, órgão da Prefeitura Municipal de Icó, é o mais antigo teatro do Ceará. Inaugurado em 1860 e remanescente da fase áurea da cidade como centro de atividade econômica baseada na criação do gado, no cultivo das vazantes do rio Salgado e no comércio, durante o final do século XVIII até meados do século XIX, o prédio foi tombado em 1983 pelo Estado como patrimônio histórico e artístico.O amplo espaço diante e ao lado do qual está implantado o teatro forma um conjunto arquitetônico composto pela antiga Casa da Câmara e Cadeia, o Sobrado do Barão do Crato e a Igreja do Bonfim. A praça situada defronte a essas edificações ficou conhecida como o Largo do Théberge (atual Praça Sete de Setembro), em alusão ao médico francês Pedro Théberge (1811/1864), idealizador do teatro e um dos nossos mais importantes historiadores, autor do livro Esboço Histórico Sobre a Província do Ceará, publicado em 1869 por iniciativa de seu filho, Henrique Théberge, e reeditado em 1973, pela Imprensa Oficial.
Gustavo Barroso, em À Margem da História do Ceará, lembra a rivalidade entre as cidades de Icó e Aracati e cita o anedotário, criado pelos aracatienses, segundo o qual a centenária casa de espetáculos de Icó não teria sido inaugurada solenemente por completa ausência de convidados. O historiador reproduz a versão de que a inauguração oficial não ocorreu porque nenhum representante da elite da cidade quis correr o risco de ser o primeiro a chegar, receoso de que essa pontualidade pudesse ser interpretada como típica de um exibicionismo provinciano. Conforme citação de Gustavo Barroso, as famílias icoenses vestiram suas melhores roupas e permaneceram em alerta em suas casas, mandando escravos espionar o teatro, com ordem de retornar informados sobre a aparição dos primeiros convidados. Nessa espera, a noite teria passado e a festa inaugural não teria acontecido.
O fato é que, além dessas referências maledicentes sobre a pretensa solenidade de abertura do Teatro de Icó, as escassas informações referentes à história do teatro em livros ou mesmo no Guia dos Bens Tomados pelo Estado do Ceará, não fornecem dados esclarecedores quanto à verdade dos fatos ocorridos naquela noite, em 1860. Somente nos anos trinta, já no século XX, a historiografia do velho teatro ganha contornos mais precisos, quando, então, tem-se notícia de seu precário estado de conservação e de seu posterior processo de recuperação e reforma, empreendimento da gestão do prefeito José Pereira Curado, sob a coordenação do mestre de obras José Pereira Simão. A 17 de abril de 1935, o jornal O Povo noticia que, com recursos municipais e verbas provenientes de festivais artísticos, a Prefeitura inicia os reparos. A construção do piso de cimento em placa de duas cores, a reconstrução das alas esquerda e direita em alvenaria e os retoques na fachada principal são algumas das melhorias apontadas. Inativo em 1934, o teatro é reaberto em maio de 1935, recuperado e parcialmente reformado.
Após 1950, houve um período em que o prédio serviu de forma adaptada a exibições de filmes e na década seguinte, no foyer funcionou uma emissora de rádio. Nos anos setenta, o teto da platéia chegou a ruir e novamente o prédio sofreu interdição. Em 1978, Francisco Augusto Veloso, chefe da Divisão do Patrimônio Histórico e Artístico da Secretaria de Cultura do Estado propôs à Secretaria de Planejamento da Presidência da República um projeto de recuperação do Teatro, assinado pelos arquitetos Domingos Cruz Linheiro e Vera Mamede Accioly. Com recursos do Programa de Cidades Históricas da Fundação Pró-Memória, o Governo Virgílio Távora em convênio com a Prefeitura de Icó, na gestão de Quilon Peixoto Farias, inicia em 1979 as obras de restauração e em outubro de 1980 o teatro é mais uma vez reaberto como espaço cênico. Da programação de reabertura, que se estendeu por todos os fins-de-semana de novembro, participam a Academia Hugo Bianchi, a Comédia Cearense e os grupos Independente de Teatro Amador, Pesquisa e Vanguarda.O Teatro da Ribeira dos Icós necessita agora de outras intervenções no sentido de revitalizá-lo, com equipamentos e programa de animação que justifiquem a representatividade sociocultural de sua preservação ao longo de mais de cento e quarenta anos de existência e resistência.

2 comentários:

benechaves disse...

Boas informações, minha cara, boas informações. Sempre aprendo com vc vindo por aqui.

Um beijo de saudade...

benechaves disse...

Oi, Lilica: passando atrás de novidades. Que vc tenha uma ótima semana e um feriado melhor ainda.

Beijos de saudade...